quarta-feira, 23 de maio de 2012

Voe, voe...

   Eu vejo a vida passar tão rápido... Eu vejo muita exigência a ser cumprida. Eu vejo o desgosto no rosto dos sofridos que muitas vezes acordam antes do dia clarear para serem espremidos minutos depois dentro de um ônibus que carrega três ou quatro vezes mais pessoas que o permitido. Através dos seus rostos posso ver muitos sonhos deixados para trás. Sonhos estes que são deixados de lado para ao menos conseguir colocar um pão na mesa para sustentar seus semelhantes.

   É, o mundo está cada vez mais cão. Te força a pegar o caminho errado, cujo a volta está mais distante a cada dia que passa. Pensando sobre isso, me veio a lembrança de uma música do Mato Seco, intitulada de "Brilho Oculto", que fala:

"[...] Viva sua vida assim, como um passarinho livre pra voar
  Pense só, concentre-se em seu caminho, pois se perder
  O difícil será voltar, voltar... O difícil é sempre voltar, voltar..."

   De fato, o mais difícil é se arrepender e não termos mais tempo para fazer tudo diferente, da maneira certa. Talvez seja o pior sentimento que uma pessoa pode ter. O tempo perdido jamais pode ser recuperado. Nós nos permitidos ser corrompidos - e nós mesmo nos corrompemos - o tempo todo. Isso acontece quando a sua voz interior é ouvida mais baixa do que a voz do engano; do caminho errado.

   São tantas opções, são tantas ofertas e promessas de uma vida melhor. Contudo, apesar de trabalhar pra tê-lo e desejar ter uma vida confortável, não acho que o dinheiro resolva tudo. Isso realmente nos libertaria dessa agonia que (sobre)vivemos? Não acredito que para ser alguém na vida é necessário ter dinheiro e poder. Não acho que seja mais importante do que fazermos o que almejamos, pois são essas coisas que nos tornam vivos e nos dão gás pra continuar e enfrentar muita coisa; nos torna fortes e, o mais importante de tudo: nos reconhecemos como um ser humano pleno em um mundo tão incerto.

domingo, 1 de abril de 2012

Epitáfio




O homem que vê sua vida inteira passar diante de um espelho quebrado e que sente vontade de chorar toda vez que lhe vem à cabeça a memória cada sorriso sincero que deixou de mostrar por medo. Medo de tentar ser feliz; medo de se permitir viver.

Ele pode ver aquele velho parque onde os pais, com sorrisos no rosto, brincavam com seus filhos. Pode sentir o cheiro daquelas rosas que teve receio de entregar para a pessoa que amava para não parecer sensível. E ao mesmo tempo que essa triste nostalgia atacava sua mente, lamentava a dor no coração que veio junto com ela.

Sente-se tão sozinho que chegou ao ponto de nem se reconhecer mais. Pode sentir seu fraco coração batendo lento no peito, mas sua aparência é sem vida. Já não consegue suportar o fardo que carrega nas costas, e a única pessoa que poderia confortá-lo, deixou partir. Partiu e foi sem hora pra voltar.

E quando percebeu que já não havia como voltar do caminho que escolheu, percebeu que o maior medo das pessoas não é a morrer, e sim viver. Viver intensamente, se permitir, amar, não ter vergonha de ser você mesmo e que ninguém poderá tirar tudo de bom que existe na sua essência. Viver é ter a certeza de que esse mundo é seu, mesmo que esse mundo seja no coração de uma pessoa.