domingo, 1 de abril de 2012

Epitáfio




O homem que vê sua vida inteira passar diante de um espelho quebrado e que sente vontade de chorar toda vez que lhe vem à cabeça a memória cada sorriso sincero que deixou de mostrar por medo. Medo de tentar ser feliz; medo de se permitir viver.

Ele pode ver aquele velho parque onde os pais, com sorrisos no rosto, brincavam com seus filhos. Pode sentir o cheiro daquelas rosas que teve receio de entregar para a pessoa que amava para não parecer sensível. E ao mesmo tempo que essa triste nostalgia atacava sua mente, lamentava a dor no coração que veio junto com ela.

Sente-se tão sozinho que chegou ao ponto de nem se reconhecer mais. Pode sentir seu fraco coração batendo lento no peito, mas sua aparência é sem vida. Já não consegue suportar o fardo que carrega nas costas, e a única pessoa que poderia confortá-lo, deixou partir. Partiu e foi sem hora pra voltar.

E quando percebeu que já não havia como voltar do caminho que escolheu, percebeu que o maior medo das pessoas não é a morrer, e sim viver. Viver intensamente, se permitir, amar, não ter vergonha de ser você mesmo e que ninguém poderá tirar tudo de bom que existe na sua essência. Viver é ter a certeza de que esse mundo é seu, mesmo que esse mundo seja no coração de uma pessoa.